Éverton Vargas foi sentenciado a 14 anos de prisão por homicídio qualificado, mas recorrerá da decisão em liberdade; julgamento foi marcado por tensões no tribunal.
Após seis anos de espera e quatro dias de julgamento, Éverton Vargas foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio de Isabelly Cristine dos Santos, então com 14 anos, ocorrido em 14 de fevereiro de 2018, em Pontal do Paraná. Além da condenação por homicídio qualificado, ele foi sentenciado por porte ilegal de arma e deverá pagar uma indenização de R$ 30 mil a cada um dos pais da vítima. A decisão ainda cabe recurso, e Vargas permanecerá em liberdade enquanto responde ao processo.
Rosania Domingos, mãe de Isabelly, expressou alívio com a sentença. “Eu consegui a justiça que esperei por seis anos. Ele foi condenado a 14 anos, sendo que já cumpriu quatro. Sabemos como a lei funciona no Brasil, e ele terá a chance de ficar livre, mas o sangue da minha filha está em suas mãos”, declarou emocionada.
O júri popular teve início na terça-feira, 3 de setembro, no Fórum de Ipanema, em Pontal do Paraná, e contou com o depoimento de cinco testemunhas de acusação e cinco de defesa, incluindo o próprio réu. Vargas também foi interrogado antes do debate final entre os advogados, que culminou na sentença. O julgamento foi marcado por tensões, com embates acalorados entre o advogado de defesa, Claudio Dalledone Jr., e o promotor do Ministério Público, Rodrigo Sanches Martins. No terceiro dia, a sessão chegou a ser suspensa duas vezes após o promotor acusar o advogado de ser “mentiroso”.
A defesa de Vargas já declarou que entrará com pedido de anulação do júri, argumentando que a conduta do promotor no plenário foi inadequada e que a condenação de um dos jurados pode influenciar nesse pedido.
Julgamento adiado duas vezes
A condenação de Vargas aconteceu após o julgamento ter sido adiado duas vezes. A primeira tentativa ocorreu em março de 2022, mas foi adiada porque materiais da reconstituição do crime, realizada em fevereiro de 2018, ainda não haviam sido anexados ao processo. Em outubro do mesmo ano, um novo adiamento aconteceu após seis jurados admitirem ter pré-julgamentos sobre o caso.
O Caso Isabelly
Isabelly Cristine dos Santos foi morta com um tiro na cabeça na madrugada de 14 de fevereiro de 2018, enquanto estava no carro com sua mãe, padrinho e o filho dele, na PR-412, em Pontal do Paraná. Segundo a investigação, ela foi atingida na região do olho esquerdo após Éverton Vargas realizar disparos em um suposto ato de defesa, alegando que seu carro havia sido “fechado” pelo veículo onde a jovem estava.
A família de Isabelly nega essa versão, sustentando que o carro onde a jovem estava foi surpreendido por uma manobra brusca do veículo da família Vargas. Éverton e seu irmão, Cleverson Vargas, foram presos no dia seguinte ao crime. Enquanto Éverton foi acusado de homicídio, Cleverson, que dirigia o carro, responde por embriaguez ao volante.
Isabelly era uma jovem promissora com um canal no YouTube, o “Isa Top Show”, onde entrevistava artistas. Na noite do crime, ela havia entrevistado o cantor MC Gustta após um show na região.
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