O Misterioso Sumiço dos Profissionais em Pontal do Paraná – Crônica de Cláudio Ribeiro

 

Pedreiros, técnicos de televisão, mecânicos e jardineiros, figuras essenciais para a manutenção do cotidiano, parecem, por vezes, praticar um jogo de esconde-esconde, onde o único perdedor é o cliente.

 

É impressionante como o tempo parece ter um ritmo diferente em Pontal do Paraná. O sol brilha, as ondas quebram na praia, e tudo parece seguir seu curso natural. Tudo, exceto o compromisso de alguns prestadores de serviços. Não estou falando daqueles que chegam pontualmente, com suas ferramentas a postos e o sorriso no rosto. Esses, infelizmente, são raridade na região. Refiro-me àqueles que prometem, mas nunca cumprem; que agendam, mas nunca aparecem.

 

Quem nunca passou pela experiência de precisar de um pedreiro para consertar aquele vazamento insistente, ou de um técnico para ressuscitar a televisão que resolveu tirar férias permanentes? Sem contar o jardineiro que deveria transformar o matagal em um jardim dos sonhos ou o mecânico que prometeu que o carro estaria novo em folha em poucos dias. Pois é, em Pontal do Paraná, essas histórias são quase lendas urbanas.

 

Você faz o contato, negocia o preço, acerta o horário. E aí começa a contagem regressiva: será que ele vem? Mais fácil ganhar na loteria. Dia marcado, você acorda cedo, prepara o café, e espera. E espera… E espera… Mas nada. Nem sinal de vida. Nenhuma mensagem, nenhum telefonema. Apenas o silêncio, como se o profissional tivesse sido abduzido por alienígenas no meio do caminho.

 

Talvez seja isso. Talvez exista um buraco negro no espaço-tempo, entre a casa do prestador de serviço e a sua. Como outra explicação seria possível? Afinal, eles não aparecem e nem ao menos justificam a ausência. Seria um tipo de superpoder? A incrível capacidade de não precisar trabalhar para viver? Quem dera todos nós tivéssemos esse dom.

 

Mas, enquanto tentamos desvendar esse mistério, a realidade segue. A parede continua rachada, a televisão ainda está muda, o jardim se assemelha mais a uma selva, e o carro… Bem, melhor nem falar do carro. E você, com uma paciência que só um morador de Pontal do Paraná pode ter, tenta mais uma vez. Liga para o próximo nome na lista, cruzando os dedos e torcendo para que, dessa vez, o profissional não desapareça.

Cláudio Ribeiro

Jornalista – Compositor

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