PF ouve quadrilha de Bolsonaro; serão oito depoimentos simultâneos

 

Estratégia chamada “dilema do prisioneiro” tem como objetivo dificultar combinação de versões. Grupo é suspeito de montar um esquema de venda de joias presenteadas ao Brasil

A Polícia Federal toma, nesta quinta (31), oito depoimentos simultâneos de integrantes da quadrilha de Jair Bolsonaro suspeitos de vender joias presenteadas ao Brasil durante a gestão do ex-presidente.

A partir das 11 horas, os agentes ouvem o casal Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, o advogado da família Frederick Wassef, e os integrantes da Ajudância de Ordens, o tenente coronel Mauro Cid, coronel Marcelo Câmara e o segundo-tenente Osmar Crivelatti, além do pai de Cid, Mauro Lourena Cid e o ex-sercretário Fábio Wajngarten.

Os depoimentos desta quinta serão tomados em contexto desfavorável à defesa do grupo e com um clima de tensão maior para Bolsonaro, uma vez que Mauro Cid passou a responder os questionamentos da PF e colaborar com as investigações.

A realização dos depoimentos simultâneos faz parte de uma estratégia chamada de “dilema do prisioneiro”, já usada anteriormente pela PF no caso das joias. A ideia seria dificultar a combinação de versões e estimular a entrega de informações úteis para a investigação.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a proibir a comunicação entre eles para evitar um ajuste de versões. A medida se tornou necessária já que Mauro Cid, preso desde maio por falsificação nos cartões de vacina, havia recebido visitas na prisão de cinco investigados no caso das joias.

Bolsonaro é o principal alvo das investigações e é suspeito de desvio de dinheiro público. De acordo com a PF, a quadrilha é suspeita de “desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”.

Um dos relógios, presenteado por autoridades do reino do Bahrein, em novembro de 2021, chegou a ser vendido por Mauro Cid nos Estados Unidos e, depois que a bomba explodiu na imprensa, recomprado por Wassef.

O relógio da marca de luxo Patek Phillipe foi avaliado por agentes da PF em US$75 mil (R$372 mil, na cotação atual).

 

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