Conhecido pela plumagem vermelha, em tons bastante chamativos que o distingue das demais espécies, o guará é hoje uma ave comum da cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná. Tão comum que o nome do município tem origem indígena e significa “terra de muitas aves”. Atualmente encontrar indivíduos da espécie na região não é nada surpreendente, ou pelo menos não era: no fim do mês de abril os pesquisadores do Instituto Guaju flagraram um guará com plumagem predominantemente branca.
“Em meio a centenas de guarás vermelhos aquele único exemplar com coloração diferente chamou a nossa atenção. A ave adulta apresenta leucismo, mutação genética caracterizada pela falta total ou parcial de melanina que afeta na transferência e no acúmulo de pigmentos nas penas das aves”, explica o professor e fotógrafo de natureza Edgar Fernandez, que teve a chance de garantir novos registros da ave. Novos porque, em 2019, ele foi a primeira pessoa a observar e registar o indivíduo na mesma região, sendo este o primeiro registro fotográfico da ave com leucismo para o Brasil
A ave apresenta leucismo, mutação genética caracterizada pela falta total ou parcial de melanina — Foto: Edgar Fernandez/Instituto Guaju
A aparição do “guará branco” chamou atenção da equipe que, em mais de 20 saídas para monitoramento da espécie, só observou o indivíduo uma única vez.
Guará é símbolo de iniciativas de preservação no litoral do Paraná
Nos flagrantes é possível notar o animal com muitos outros guarás – esses de plumagem vermelha; convivendo normalmente. A espécie costuma viver em grupos. Com a maré montante, repousam juntos nas árvores do manguezal.
O “guará branco” chamou atenção dos pesquisadores; indivíduo convive normalmente com outras aves — Foto: Edgar Fernandez/Instituto Guaju
A cor vermelha é resultado da dieta dos guarás: predadoras de pequenos caranguejos, as aves incorporam os caratenóides durante o metabolismo, o que altera a coloração das penas.
“Para nós do Instituto esse registro vai além do valor científico no acompanhamento da espécie. Ele retrata a importância do desenvolvimento de ações que permitam manter a qualidade desse estuário belíssimo que é a baía de Guaratuba”, completa o professor e membro do instituto, Fabiano Cecílio da Silva.
Por Giulia Bucheroni, Terra da Gente