Em 3 meses, 6 baleias encalharam nas praias do Paraná

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Duas baleias jubarte foram encontradas mortas em praias paranaenses em dois dias. Uma delas tinha marcas profundas de rede de pesca e a outra mostrava o apetrecho enroscado no corpo.

Nos 3 últimos meses, 6 baleias da mesma espécie encalharam no Paraná: uma registrada na Ilha do Mel (Paranaguá), duas na Ilha do Superagui (Guaraqueçaba), uma no balneário Shangril-lá (Pontal do Paraná), e duas em Guaratuba (balneários de Brejatuba e Coroados).

Em 6 anos, desde o início do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), haviam sido registrados encalhes de 12 baleias jubarte  (Megaptera novaeangliae) na costa paranaense, incluindo indivíduos adultos e jovens.

Neste domingo (25), uma baleia em estado inicial de decomposição, surgiu em uma praia deserta de Superagüi, a cerca de 6 quilômetros da vila. Por volta das 9h de segunda-feira, pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR isolaram a área, avaliaram a carcaça, e com apoio da equipe que se deslocou da base em Pontal do Paraná coletaram materiais biológicos para a análise biológica  de saúde do animal. Moradores ajudaram no transporte.

De acordo com informações levantadas até o momento pelo LEC-UFPR, a baleia jubarte era juvenil, media 8 metros e apresentava marcas de interação com redes de pesca, as quais deixaram lesões profundas ao longo do corpo do animal. Segundo os pesquisadores, somente por meio de uma investigação mais aprofundada com auxílio de exames complementares laboratoriais será possível identificar a causa de morte do animal.

Baleia encontrada em Superagüi tinha lesões profundas provocadas por rede de pesca (foto LEC-UFPR)

Baleia chegou ainda viva na praia de Coroados

Por volta das 17h desta segunda-feira (26), a equipe do LEC foi informada de outro encalhe, na praia de Coroados, em Guaratuba. Ela se encontrava ainda viva e emalhada em rede de pesca na zona de arrebentação. Provavelmente por conta da maré baixando, o animal encalhou de ventre para cima e veio a óbito bem rápido. Quando a equip do LEC chegou, à noite, ela já estava morta.

A jubarte era uma fêmea de 8,5 metros, tinha cortes do pedúnculo caudal, marcas de rede e petrechos de pesca aderidos ao longo do corpo. Biólogos, médicos veterinários, e outros profissionais da área técnica contaram com o apoio da Prefeitura de Guaratuba e do Corpo de Bombeiros que isolaram a área no final do dia.

Os técnicos do PMP-BS registraram o encalhe, avaliaram a carcaça e não tiveram condições de realizar a necropsia no período noturno. Por isso, a partir das 6h desta terça-feira (27) duas equipes se deslocaram até o local para o procedimento de necropsia do animal e coleta de materiais biológicos para analisar a saúde do animal.

Segundo os pesquisadores, somente por meio de uma investigação mais aprofundada com auxílio de exames complementares laboratoriais será possível identificar a causa de morte da baleia.

As baleias jubartes da população do oceano Atlântico Sul vem ao Brasil anualmente para reprodução, mas passam o verão se alimentando na região Antártica. A principal área brasileira de reprodução é o litoral da Bahia, mas jubartes têm sido avistadas com frequência na região sudeste e sul do Brasil.

Baleia que encalhou em Guaratuba tinha redes enroscadas no corpo (foto de redes sociais)

Recuperação da população ou escassez de alimentos, entre as causas possíveis

De acordo com o Instituto Baleia Jubarte, os encalhes têm ocorrido por diversos motivos, entre eles, morte natural, aproximação dos animais à costa e aumento da interação destes com redes de pesca e embarcações, causando assim riscos de emalhe e colisão com os barcos e navios.

Esta aproximação da zona costeira é motivo de investigação pelos cientistas, pois pode ser apenas uma resposta à recuperação da população, mas também pode ser reflexo das mudanças climáticas no continente Antártico.

O aquecimento global tem sido responsável pela redução na disponibilidade de krills (principal alimento destas baleias) na Antártica e as baleias possivelmente precisam buscar alimento durante a migração para as áreas quentes brasileiras e fazem isso utilizando águas mais rasas.

“Estas são ainda hipóteses a serem avaliadas, mas já evidenciam desafios que chegam em resposta à degradação do oceano e do clima. A década do oceano está só começando e garantir um ecossistema saudável e resiliência à biodiversidade é responsabilidade de todos nós. Se a fauna estiver bem, nós humanos estaremos bem”, ressalta a bióloga e coordenadora do LEC-UFPR Camila Domit.

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