A promessa do governador Ratinho Junior (PSD) de reduzir a tarifa do pedágio na nova licitação, após a eleição, foi por terra, não se sustentou com o estudo do governo federal encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU).
A Agência Nacional da Transportes Terrestres (ANTT) prevê reajuste de até 30% nas novas tarifas de pedágio do Paraná, cujos trechos de rodovia ainda irão à leilão na bolsa de valores de São Paulo, a B3.
A informação da insuspeita ANTT, órgão do governo federal, surpreendeu a oposição e irritou os usuários de rodovias no estado do Paraná.
Ratinho Junior minimizou o fato dizendo que no leilão da B3 o certame se dará pelo menor preço, mas não ressaltou que haverá degraus tarifários em caso de realização de obras.
O ex-senador Roberto Requião (PT), pré-candidato ao Palácio Iguaçu, vem repetindo que o adiamento da licitação é mais uma tentativa de estelionato eleitoral.
Ele recorre ao período do então governo Jaime Lerner, nos anos 90, para lembrar que o preço do pedágio foi reduzido durante aquela eleição, mas depois de reeleito Lerner dobrou o valor da tarifa.
Além disso, ressalta Requião, seu adversário atual [Ratinho Junior] ainda planeja 15 novas praças de pedágio nas estradas paranaenses – o que poderá significar aumento real de 100% nas tarifas.
Some-se a isso, alerta Requião, para o impacto inflacionário na vida das pessoas. Com o aumento do pedágio, argumenta ele, sobem os preços dos alimentos, dos produtos, e diminui a competitividade das empresas paranaenses em comparação a de outros estados.
Propaganda enganosa
O deputado Goura (PDT) disse que na propaganda Ratinho Junior e Bolsonaro dizem que é o fim do preço injusto do pedágio, mas a realidade é que o pedágio vem aí com 15 novas praças e tarifa mais cara.
A deputada Mabel Canto (PSDB) afirmou que o novo Pedágio no Paraná ainda nem começou e já vai ter reajuste, antes mesmo de ir a leilão, citando a ANTT. Segundo ela, o secretário da Infraestrutura, Sandro Alex, e o governador Ratinho Junior estão mostrando que são os novos “Jaime Lerner” da atualidade.
– Cancelas abertas nos pedágios só pra enganar em ano de eleição – denunciou a parlamentar.
O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD), integrante da Frente Parlamentar sobre o Pedágio, na Assembleia Legislativa do Paraná, crítico contumaz do modelo de pedágio, teme que o novo pedágio venha mais caro ainda que o atual a partir do ano que vem.
O deputado Arilson Chiorato (PT), coordenador da Frente Parlamentar sobre o Pedágio, disse que “esse estudo minucioso, feito por especialistas, apontou matematicamente que vamos pagar mais caro pelo pedágio e, agora, recebemos mais essa bomba”.
– Isso vai acabar com a competitividade das empresas e não vai haver renúncia fiscal que dará conta de reverter essa situação. Por isso, estamos estudando medidas judiciais para não permitir o avanço desse projeto que vem recheado de 15 novas praças, que vai ruir com a economia, com empregos e isolar regiões inteiras – alerta.
Ratinho Junior é uma opção cara para o Paraná, diz Requião
Roberto Requião aposta na inflação, sobretudo nos aumentos das tarifas controladas pelo governo, para pavimentar seu retorno ao Palácio Iguaçu.
Por sua vez, Ratinho Junior tem corroborado com o discurso de seu principal oposicionista ao criticar os tarifaços autorizados pela administração estadual.
Esta semana, por exemplo, começou com aumento de 4,96% na tarifa da água servida pela Sanepar.
– Bom para os sócios privados da Sanepar e ruim para o governador Carlos Massa Ratinho Junior – avaliou o pré-candidato ao governo do Paraná, ao criticar o novo tarifaço da água.
A tarifa mínima subiu de R$ 77,60 para R$ 81,45.
Inflação nas tarifas come salário dos paranaenses
Para Requião e deputados da bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), a inflação causada pelas tarifas públicas, que come a renda e o salário, irão derrotar seu adversário Ratinho Junior.
– Vou ganhar a eleição no primeiro turno – repete o pré-candidato de Lula no Paraná.
Ratinho Junior também autorizou na semana passada aumento de 13,9% no preço do gás natural, administrado pela Compagás, e abril concordou com aumento de até 9,89% na conta de luz, cujo serviço é oferecido pela estatal Copel (Companhia Paranaense de Energia).
Segundo Requião, em períodos de crise e desemprego, as tarifas públicas têm que ser congeladas. Em seus governos, ele compara, as contas de água e luz ficaram sem aumento ou reajuste por oito anos.