Rejeição a Bolsonaro não para de crescer desde o 7 de Setembro

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Na semana em que Bolsonaro converteu dois atos cívicos da Independência em comícios à margem da lei eleitoral, a taxa de desaprovação a seu governo estava em 43%. Agora, está em 47%.

Desde que transformou a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil em palanque eleitoral, Jair Bolsonaro (PL) vê a rejeição a seu governo crescer. É o que aponta a série de pesquisas semanais do Ipec, que divulgou uma nova rodada nesta segunda-feira (19).

Os números sugerem que, em vez de atrair a atenção dos brasileiros para eventuais trunfos de sua campanha à reeleição, o presidente jogou ainda mais luzes sobre erros e contradições de seu governo. De forma lenta, mas constante, a repercussão do 7 de setembro sobre sua candidatura é negativa.

Na semana em que Bolsonaro converteu dois atos cívicos da Independência em comícios à margem da lei eleitoral, a taxa de desaprovação a seu governo estava em 43%, conforme o Ipec. Uma semana depois, no dia 12, o índice havia oscilado para 45%. Agora, está em 47%.

Ao longo desses três levantamentos, não houve mudança no percentual de eleitores que aprovam a gestão bolsonarista Semana após semana, essa taxa se manteve em 30%. Porém, caiu o número de brasileiros que consideram o governo regular – de 25% em 5 de setembro para 23% no dia 12 e, finalmente, 22% agora.

O oportunismo de Bolsonaro no 7 de Setembro não foi o único revés de sua campanha neste último mês de campanha, antes do segundo turno, que ocorre em 2 de outubro. Durante todo este período, Bolsonaro se enrolou ao tentar explicar como sua família comprou nada menos que 107 imóveis desde 1990, sendo 51 pagos, total ou parcialmente, em dinheiro vivo. A denúncia veio a público no final de agosto, em reportagem do portal UOL.

Em 13 de setembro, o deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos-SP) ofendeu e tentou intimidar a jornalista Vera Magalhães após debate entre candidatos ao governo paulista. No ataque, Garcia, gravando tudo com seu telefone celular, usou a mesma expressão (“vergonha para o jornalismo”) que Bolsonaro havia usado contra Vera duas semanas antes. A cena foi tão constrangedora que levou candidatos apoiados por Bolsonaro a ficarem ao lado da jornalista, e não do aliado.

O presidente também sangra devido à peça orçamentária que apresentou ao Congresso Nacional no final de agosto, com o detalhamento do Orçamento Geral da União para 2023. No projeto, o governo não apenas pôs em xeque a manutenção do Auxílio Brasil a R$ 600 no próximo ano como também previu cortes de recursos para projetos como a Farmácia Popular.

Em meio à tamanha crise de sua candidatura, Bolsonaro vê seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abrir vantagem na preferência do eleitorado, rumo a uma vitória cada vez mais possível já no primeiro turno. Em duas semanas, enquanto o presidente se manteve com 31% das intenções de voto, Lula saltou de 44% para 47%.

Na simulação de segundo turno, a diferença também cresceu. Em 29 de agosto, era de 13 pontos percentuais a favor de Lula – 50% a 37%. Agora, está em 19 pontos – 54% a 35%. Não bastassem os reveses de Bolsonaro, tudo indica que o clamor da campanha lulista pelo voto útil começa a dar resultado.

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