Mesmo sem garantias sólidas, banco liberou R$ 10,6 bilhões para R$ 6,8 milhões de pessoas de baixa renda
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a CEF (Caixa Econômica Federal) à margem da lei para tentar se reeleger ao Planalto. Reportagem do UOL publicada nesta segunda-feira (29) denuncia o “calote bilionário” deixado por Bolsonaro na Caixa devido a “manobras inéditas, sem transparência, que expuseram a instituição a um nível de risco inédito na história recente”.
Segundo a matéria, assinada pela jornalista Amanda Rossi, Bolsonaro concluiu, às vésperas das eleições 2022, que o Auxílio Brasil de R$ 600 não atraiu suficientemente o apoio do eleitorado mais pobre. Com isso, seu concorrente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanecia como favorito a vencer a disputa.
Foi então que, conforme o UOL, Bolsonaro “dobrou a aposta entre os eleitores mais pobres”, criando duas linhas de crédito na Caixa. Mesmo sem garantias sólidas, o banco liberou R$ 10,6 bilhões para R$ 6,8 milhões de pessoas de baixa renda. De acordo com a reportagem, a CEF nunca esteve sob tamanha ameaça institucional.
“A aventura eleitoral também custou a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo – um indicador de risco – chegou ao menor nível já registrado pelo banco”, diz o UOL. “Cinco de cada seis pessoas que pegaram o crédito tinham o nome sujo.”
Não bastassem as medidas eleitoreiras, Bolsonaro impôs outro rombo à Caixa ao atrelar ao banco as despesas de sua viagem aos Estados Unidos por três meses, de 30 de dezembro de 2022 a 30 de março de 2023. Os gastos da comitiva não têm precedentes na história de ex-presidentes.
“Bolsonaro e assessores promoveram um novo recorde no uso das verbas públicas. As despesas de Bolsonaro com seguranças e equipe chegaram a R$ 902,6 mil, as mais altas entre os ex-presidentes da República em 2023, grande parte em diárias de viagem”, relata o UOL. “No mesmo período, todos os outros seis ex-presidentes gastaram R$ 1,1 milhão, somados.”