A Consulta Sobre Escolas Cívico-Militares no Paraná Contraria Decisão do Ministério da Educação
O Governo do Paraná insiste em trilhar um caminho questionável ao realizar uma consulta sobre a implementação de escolas cívico-militares no estado, mesmo após o Ministério da Educação decidir encerrar esse programa. A nota técnica que fundamentou essa decisão do Ministério destacou que o programa desvia a finalidade das Forças Armadas e compromete recursos que poderiam ser direcionados para frentes prioritárias.
Desvio de Finalidade e Comprometimento de Recursos:
A decisão do Ministério da Educação em acabar com o programa das escolas cívico-militares não foi tomada sem razão. A nota técnica que embasou essa medida apontou que o programa desvia a finalidade das Forças Armadas, sugerindo que atividades de natureza militar não têm espaço nas escolas de educação básica regulares. Além disso, ressalta que os recursos utilizados nesse programa poderiam ser mais eficazmente direcionados para áreas prioritárias da educação.
Acreditava-se que replicar modelos de colégios do Exército, Polícias Militares e Bombeiros resolveria os problemas das escolas públicas de ensino fundamental e médio. Contudo, essa abordagem ignora as particularidades da realidade social brasileira e alimenta preconceitos, caracterizando a vulnerabilidade social como um problema relacionado à criminalidade, falta de disciplina, preguiça ou falta de patriotismo e civismo.
Desvio de Foco da História Educacional:
Ao adotar o programa em 2019, o governo do Paraná parece ir na contra-mão da história educacional, desconsiderando a diversidade de abordagens pedagógicas e investindo em uma estratégia que não se alinha com as necessidades reais do sistema educacional. A ideia de que estruturas de ação próprias dos colégios militares podem resolver os desafios da educação pública é simplista e desconsidera as complexidades do contexto educacional brasileiro.
Aporofobia e Estigmatização Social:
A associação entre vulnerabilidade social e modelos militares nas escolas também levanta preocupações sobre a perpetuação da aporofobia, caracterizando os pobres como um problema relacionado à criminalidade e falta de disciplina. Essa abordagem estigmatizante não apenas desvia o foco dos verdadeiros problemas educacionais, mas também cria um ambiente propício para a exclusão e discriminação.
A insistência do governo do Paraná em manter a consulta sobre as escolas cívico-militares revela um desvio de foco, tempo e recursos públicos. Em meio a tantas políticas importantes que precisam ser priorizadas na educação, é absurdo dedicar esforços a um programa que já foi descontinuado pelo Ministério da Educação. É imperativo que a sociedade e os gestores educacionais estejam atentos a essas questões, a fim de garantir que os recursos sejam direcionados para iniciativas que verdadeiramente promovam uma educação de qualidade e inclusiva no estado do Paraná.