Prefeito de Matinhos e moradores de Pontal se opõe ao projeto que inclui mureta de concreto, causando preocupação na comunidade local
No último dia 16, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), promoveu uma audiência pública para discutir a obra de duplicação da PR-412 entre Matinhos e Praia de Leste, situada em Pontal do Paraná, no Litoral. Com um orçamento estimado em cerca de R$ 300 milhões e prazo de execução de três anos, a intervenção abrange aproximadamente 14,5 quilômetros, iniciando na ponte sobre o canal de Matinhos até o entroncamento com a PR-407.
A proposta prevê a implantação de quatro faixas para a pista central (duas em cada sentido), cada uma com 3,5 metros de largura, além de acostamentos externos medindo 2 metros, todos em pavimento rígido de concreto, com placas de 21 centímetros de espessura.
No entanto, a notícia da duplicação gerou apreensão entre moradores, turistas e, principalmente, comerciantes ao longo da estrada. A preocupação central está relacionada ao plano de instalação de uma mureta de concreto entre as duas pistas da rodovia, que corta a cidade de Matinhos desde a divisa com Pontal do Paraná até o ponto de embarque no ferry-boat.
O prefeito de Matinhos, Zé da Ecler, conhecido na região, manifestou sua oposição ao projeto, deslocando-se a Curitiba para se encontrar com as autoridades responsáveis. O gestor municipal argumenta que a mureta de concreto proposta poderá impactar negativamente o fluxo urbano, gerando desconforto para os residentes locais.
O embate entre o prefeito e o DER/PR destaca a importância do diálogo entre as partes envolvidas, visando encontrar soluções que conciliem o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária com a preservação do ambiente urbano e a tranquilidade da comunidade. A população aguarda ansiosamente por esclarecimentos e ajustes no projeto que garantam o bem-estar de todos os envolvidos nessa significativa transformação na PR-412.
Mas a verdadeira preocupação do prefeito de Matinhos e moradores, inclusive de Pontal do Paraná não reside apenas na divisão da orla marítima ou na construção de uma mureta que separará os residentes do “lado do mato” daqueles que vivem no “lado da praia”, onde se encontram as casas de veraneio. O cerne da questão está na potencial criação de um apartheid entre as comunidades, principalmente para os habitantes de Curitiba, que compõem a maioria na região.
A inquietação do prefeito é ainda mais substancial, uma vez que ele próprio possui residência e empreendimentos imobiliários no “lado do mato”, que ficarão isolados dos veranistas e proprietários de imóveis à beira-mar. A situação se agrava com a ausência de consulta à população afetada pela duplicação da rodovia, pela morosidade na revisão do Plano Diretor ao longo dos anos e pela construção da ponte de Guaratuba.
O projeto em questão é considerado um verdadeiro disparate, sendo implementado sem o devido envolvimento da comunidade impactada pela expansão da rodovia. A falta de sensibilidade e planejamento adequado ameaça agravar uma situação já precária. Tudo isso é visto como decisões equivocadas, aparentemente motivadas por interesses políticos, sem levar em consideração o bem-estar e as necessidades da população local.
