Causas identitárias em um Brasil de capitalismo atrasado e preconceitos enraizados

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 Como a falta de compreensão e a desinformação abrem espaço para a extrema direita e ameaçam o avanço progressista

Nos últimos anos, as causas identitárias, que lutam pelo reconhecimento e inclusão de minorias historicamente marginalizadas, como mulheres, negros, indígenas e a comunidade LGBTQIA+, tornaram-se um dos principais pilares dos movimentos progressistas no Brasil. No entanto, em um país de capitalismo atrasado e uma sociedade profundamente marcada pela falta de informação e pelo preconceito, essa defesa enfrenta um obstáculo preocupante: o risco de abrir portas para o crescimento da extrema direita.

O Brasil, embora inserido no capitalismo global, ainda sofre com estruturas econômicas e sociais arcaicas, que acentuam desigualdades e perpetuam a exclusão de grandes parcelas da população. Esse cenário de atraso, combinado com um sistema educacional deficiente e a proliferação de discursos conservadores, dificulta a compreensão das causas identitárias por parte da maioria dos brasileiros. A falta de acesso a debates críticos e a resistência cultural a mudanças profundas fazem com que essas pautas sejam vistas com desconfiança ou até hostilidade.

Nesse ambiente, a defesa de questões identitárias por partidos progressistas, embora essencial, muitas vezes não encontra terreno fértil para florescer. Sem uma comunicação clara e acessível que explique a importância dessas lutas, elas acabam sendo retratadas como uma ameaça aos valores tradicionais e à ordem estabelecida. Esse clima de polarização e incompreensão é habilmente explorado pela extrema direita, que transforma essas causas em armas de ataque, utilizando a desinformação para mobilizar o medo e o preconceito nas massas.

Ao explorar o desconhecimento da população sobre temas como equidade de gênero, combate ao racismo e direitos LGBTQIA+, a extrema direita se fortalece. Ela adota uma retórica simplista, que distorce as pautas identitárias, acusando-as de minar a família, a moral e os costumes. Com isso, conquista um público que, por falta de compreensão ou por estar mergulhado em preconceitos, vê nessas bandeiras progressistas um inimigo. Esse fenômeno é um dos principais responsáveis pelo recente avanço das forças ultraconservadoras no Brasil e em outras partes do mundo.

Dessa forma, a defesa das causas identitárias, sem uma estratégia eficaz de educação e conscientização da sociedade, corre o risco de reforçar divisões e abrir caminho para a extrema direita. O desafio dos partidos progressistas, portanto, é duplo: além de lutar pela justiça e inclusão, é crucial encontrar formas de traduzir essas pautas para uma sociedade que, muitas vezes, não está preparada para entendê-las. A vitória nessas frentes depende não só da coragem em defender as minorias, mas também da capacidade de dialogar com a maioria, construindo pontes ao invés de muros.

Cláudio Ribeiro

Jornalista – Compositor

Graduado em Direitp

Pós-graduação em Ciências Politicas e

História do Brasil

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