Moradores enfrentam preços inflacionados enquanto turistas alimentam o lucro desmedido dos comerciantes locais.
Com a chegada da alta temporada de verão e o aumento no fluxo de turistas no litoral paranaense, especialmente em Pontal do Paraná, os supermercados da região têm adotado uma prática que beira o criminoso: elevar os preços dos produtos essenciais de maneira abusiva. O comportamento, já comum nesta época do ano, atinge de forma cruel os moradores locais, que sustentam esses estabelecimentos durante os meses de baixa temporada e agora se veem reféns de valores exorbitantes.
Em tempos recentes, como durante a pandemia, essa prática ficou ainda mais evidente. A corrida aos supermercados, motivada pelo medo de desabastecimento, trouxe um cenário desolador: aumento repentino e desproporcional no preço de itens básicos. Hoje, essa situação se repete, mas sob a desculpa velada da chegada de turistas, que muitas vezes optam por fazer compras no litoral para suprir suas necessidades.
Essa disparidade levanta debates urgentes sobre ética e responsabilidade social. A pergunta é clara: até que ponto os comerciantes locais podem continuar sacrificando a dignidade dos moradores em nome de um lucro sazonal? Afinal, quem sofre as consequências desse abuso é a população que, ano após ano, mantém esses mercados vivos.
“Um preço abusivo é desumano”
Para quem vive no litoral, a sensação de impotência é crescente. “Parece que eles esquecem que somos nós, os moradores, que estamos aqui o ano inteiro mantendo o mercado funcionando”, desabafa um morador de Pontal do Paraná. Muitos relatam que já começaram a evitar fazer compras na cidade, preferindo abastecer-se em municípios vizinhos, onde os preços são mais justos.
Enquanto isso, turistas, mesmo insatisfeitos, acabam absorvendo o impacto no orçamento, consolidando o ciclo de exploração. “O que mais incomoda é perceber que esses aumentos não são justificados por custos, mas por pura ganância”, afirma uma visitante de Curitiba, que se surpreendeu ao comparar os preços entre a capital e o litoral.
A fiscalização está ausente
O Código de Defesa do Consumidor prevê punições severas para práticas abusivas, mas a fiscalização parece ineficaz ou até inexistente no litoral. Embora os preços sejam teoricamente livres, o abuso de uma posição dominante ou a exploração da vulnerabilidade do consumidor é passível de sanções. Porém, na prática, as irregularidades persistem e, até agora, nenhum órgão se mobilizou efetivamente para investigar ou coibir essa prática.
É hora de reagir
A comunidade local pede não apenas uma postura firme das autoridades, mas também maior conscientização por parte dos turistas. Comprar estrategicamente fora do litoral ou boicotar mercados com preços abusivos são ações que podem ajudar a frear essa exploração. Além disso, exigir transparência e pressionar os órgãos fiscalizadores são passos fundamentais para trazer justiça a essa situação.
No final, o verão deveria ser sinônimo de lazer e celebração para todos, não de sofrimento e indignação para quem vive no litoral. É hora de os mercados locais lembrarem que ética e respeito ao consumidor também são bons negócios – e que os moradores não podem continuar sendo os maiores prejudicados em sua própria casa.